A sociedade civil moçambicana tem registado uma evolução, nem sempre linear, desde que ela começou a fortalecer-se, no início da década de 1990. A dependência, não apenas financeira, mas também programática e de gestão, representou o sinal característico da maioria das organizações da sociedade civil moçambicana. Estas deviam actuar entre a pressão do governo e as exigências dos doadores internacionais. O resultado foi que apenas poucas organizações conseguiram evoluir, tendo uma agenda própria, pessoal competente e fundos constantes que permitissem uma programação de médio e longo prazo das suas acções, junto às comunidades locais. Na maioria dos casos, as organizações da sociedade civil do país mantiveram-se fracas, com um défice evidente de competências e, portanto, dependentes dos doadores, geralmente internacionais. Este artigo procura relatar uma pesquisa que foi levada a cabo, em Moçambique, junto a três sujeitos principais: doadores internacionais, ONG e outras entidades, tais como fundações nacionais, que servem de colectores dos fundos dos doadores, e organizações de base, que representam os beneficiários últimos dos fundos. Mediante uma abordagem qualitativa, baseada, essencialmente, em entrevistas com informantes-chave, o resultado foi que o mecanismo tripartido implementado em Moçambique revela limitações, fomentando a dependência das organizações da sociedade civil, ao invés de induzi-las à mudança e à evolução rumo a uma maior qualidade e estabilidade, não apenas de tipo financeiro.